Depois do Etios Connection, evento da Toyota que passou por várias cidades brasileiras e iniciou a pré-venda do Etios, hoje se fez seu lançamento oficial. Este carro foi lançado primeiro na Índia, mas seu objetivo é difundir a marca pelos mercados emergentes. A Toyota quer aumentar suas vendas mundiais através destes países, então sua estreia entre eles precisa ser boa: o projeto moderno quer agradá-los com baixo custo e a promessa de em breve também formar sua família de modelos. Será que ele cai no nosso gosto?
Oferecer carros mais baratos em países de poder aquisitivo reduzido parece um caminho de sucesso sempre certo. O problema, porém, é que já existem muitas marcas explorando essa aparente mina de ouro. Só no Brasil já passam de vinte concorrentes, com casos de dois ou três de uma mesma marca. As vendas continuam expressivas, mas agora o nível requerido é muito maior do que cinco ou dez anos atrás. Fartura de pontos de assistência e manutenção barata há tempos não se podem mais esquecer, de forma que a regra agora é aliar tudo isso a desenho bem-resolvido, cabine cada vez mais equipada e até alguns itens de luxo, como câmbio automático ou automatizado. O caso da linha Etios começa sem tanta dedicação ao requinte, mas principalmente ao berço: desde quando Corolla e Hilux vinham de fora do Mercosul a Toyota vem angariando fama cada vez melhor quanto à qualidade de seus produtos, pelo menos aqui. Então eles esperam que esse grande trunfo ajude sua primeira linha de populares a obter êxito parecido pelo menos ao das marcas em condição similar, como Kia, Nissan e, futuramente, Honda e Hyundai.
O maior tropeço do Etios está mesmo no desenho. É difícil aceitar que a Toyota não tenha usado a experiência que ganhou com carros como Camry e Corolla para dar ao Etios um toque de elegância. Os farois são pequenos demais e a grade muito grande e bruta, em especial quando sua faixa superior vem cromada. O conjunto que formam parece querer saltar, e não encontra resposta alguma nas linhas discretas do parachoque. Mas as diferenças começam nas laterais. Porque por mais que as do hatch lembrem muito o Nissan March, ele parece ser uma evolução: o Etios tem mais personalidade, com caimento de teto bem menos arredondado que o daquele e certa sensação de imponência vinda dos vincos fortes. Quem fica difícil de perdoar é o sedã. Seu entre-eixos é maior que o do hatch, e isso explica as portas traseiras diferentes. Então, se isso prova que ele foi projetado junto com o hatch, por que parece tanto com uma adaptação das que se fazem anos depois e economizando peças? A vigia atrás das portas faz falta, mas o maior problema é a traseira: as linhas retas lhe fazem parecer longa enquanto a dianteira tem um corte que lhe deixa bem mais curta: fica claro que o único objetivo ali foi maximizar o porta-malas, mesmo às custas das proporções de estilo.
Entrando no carro, a impressão é de que a Toyota estava desesperada para fazer o Etios parecer diferente. O painel assimétrico sempre vai ganhar pontos por lembrar os compactos europeus, que ali deixam o custo em segundo plano e privilegiam a jovialidade. O painel central por muito tempo vai dar a agradável sensação de novidade a quem dirige, mas resta saber se deslocar as saídas de ar centrais não irá dificultar o cumprimento de sua função. Já era esperável que os materiais tivessem qualidade inferior à de um Corolla, mas a marca informa que ficaram melhores que os do modelo indiano. O ponto forte está mesmo no espaço interno, tanto na cabine de cinco lugares como no porta-malas: o hatch leva 263 litros enquanto o sedã comporta 562, o que lhe dá empate técnico na liderança do segmento com o Chevrolet Cobalt. Os motores são 1.3 e 1.5, ambos multiválvulas e flexíveis, mas com o sedã usando apenas o maior. O primeiro gera potência de 84 e 90 cv e torque de 11,93 e 12,74 kgfm, e o segundo fica em 92 e 96 cv e 13,5 e 13,8 kgfm – com gasolina e álcool. Os modelos terão garantia de três anos.
Atualização 17/09/2012: No evento de lançamento oficial da linha Etios, foi dada a notícia de que o modelo já passou pelos testes do instituto LatinNCAP e obteve quatro estrelas, nota surpreendente em sua categoria. O hatch começa com uma versão própria para o marketing, em que seus R$ 29.990 são conseguidos ao oferecer apenas airbag duplo e parachoques na cor do veículo. A versão X já se oferece para os dois, e soma coluna de direção regulável, direção elétrica e freios com ABS e EBD por R$ 33.490 para o hatch 1.3 e R$ 36.190 para o sedã 1.5; com ar-condicionado se somam R$ 2.700 para cada. A versão XS traz o ar de série e também soma conta-giros(!), detalhes externos na cor do veículo, sistema de som multimídia e travas e vidros elétricos nas quatro portas, passando a R$ 38.790 para o hatch e R$ 41.490 para o sedã. Já a XLS é a única a usar 1.5 também no hatch, somando abertura elétrica do porta-malas, alarme, farois de neblina, rodas de liga leve aro 15”, travas com controle remoto e a tal moldura cromada da grade dianteira, itens que passam o hatch a R$ 42.790 e o sedã a R$ 44.690. A julgar pelos modelos exibidos no Etios Connection, a Toyota deve entrar na tendência da personalização que se inaugurou entre os populares com o Fiat Uno, oferecendo adesivos e acessórios de fábrica.
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