Mais um lançamento marcado para o Salão de Paris tem novas informações reveladas. Esta é a primeira investida da Chevrolet no mercado dos crossovers compactos, mercado que no Brasil foi inaugurado com o Ford EcoSport. Aliás, o sucesso deste é justamente o alvo de todas as outras marcas, mas algumas reações já começaram a aparecer: a Renault trouxe o Duster, a Fiat terá uma derivação do 500L e a Ford já deu nova geração ao seu carro. Agora quem se expõe um pouco mais é o produto da arquirrival conterrânea.
O Trax é mais um fruto da prática de um mesmo projeto gerar diferentes modelos, em geral um para cada marca do grupo. Neste caso, os irmãos são Buick Encore e Opel Mokka, mas é possível deduzir que a GM não pretende repetir a insanidade que se praticava no mercado dos Estados Unidos até a década de 1990. Afinal, naquela época se vendia exatamente o mesmo carro sob duas ou três divisões diferentes, no máximo mudando detalhes de estilo – ou às vezes nem isso, como o Neon vendido por Chrysler, Dodge ou Plymouth e suas diferenças restritas ao logotipo. O Mokka é muito parecido ao Encore, mas este caso não cria problema porque um é exclusivo da Europa e o outro dos EUA. Já a Chevrolet atua nos dois mercados, então o Trax apresenta diferenças maiores. Ele continua um projeto feito sobre a plataforma Gamma II (que, entre outros, é usada por Cobalt, Sonic e Spin), mas teve alterações mais profundas por dentro e por fora. A questão é que esta é a marca da GM que atua em mais mercados, incluindo vários emergentes. Então, para o Trax agradar aos 140 mercados pretendidos, lista que em 2013 incluirá o Brasil, ele precisou ter foco diferente.
Se você olhar uma foto do Encore ou do Mokka, notará o realce nas formas orgânicas, mais arredondadas e suaves. Elas lhes são a solução ideal porque tendem a associar o carro a um hatchback ou uma minivan, veículos urbanos e mais joviais que geralmente são usados por grupos de jovens nos trajetos cotidianos. O Trax, em contrapartida, expõe a ideia oposta. A dianteira não só exibe a grade dupla da marca como aposta em ter seus itens separados por faixas de lataria mais espessas, para dar sensação de solidez. Os vincos do capô são fortes, mas na verdade até as laterais melhoraram, fato raro em alterações deste nível: os paralamas ganharam vincos abaulados e a traseira ganhou linhas mais retas, detalhes que combinam bem com o que se vê nos demais Chevrolet recentes. Tudo isso contribui para a sensação de imponência e robustez, indicando vocação off-road que não encontra resposta na parte técnica porque na verdade não precisa – o sucesso dos aventureiros urbanos, difundido principalmente pelo Brasil, vem do visual que esses carros têm, em vez de itens como marcha reduzida ou tração integral.
Partir dessa proposta é o que permite ao Trax desfrutar dos benefícios da tal plataforma Gamma II. Suas dimensões lhe permitirão manobras fáceis pela cidade, já que ele tem 4,25 m de comprimento e 1,77 m de largura; a cabine ainda não foi revelada, mas é de se esperar bom espaço dos 2,55 metros de entre-eixos e 358 litros de porta-malas. Outra ótima notícia é que ele não seguirá a linha de reduzir custos do Duster e partirá para a guerra tecnológica com o líder EcoSport: a lista de itens chega a seis airbags, controles de estabilidade e tração, freios com ABS e EBD e hill holder. No exterior, seus motores serão um turbodiesel 1.7 VCDI de 132 cv e dois a gasolina: o 1.6 16v de 116 cv é o mais cotado para vir ao Brasil, mas também há o 1.4 turbo: com potência e torque de 142 cv e 20,4 kgfm, assim como o que usa diesel ele terá opção de câmbio automático de seis marchas e tração 4x4. Existem publicações que apontam o Trax como sucessor do Captiva, mas as dimensões dos dois são muito diferentes. É muito mais fácil de o modelo novo se encaixar bem entre os crossovers compactos.
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